Não foi somente a forma de comunicação que mudou, mas também a forma de se relacionar, de educar, de olhar, de cuidar… Nos anos 1980, a comunicação entre um estado e outro acontecia por telex, algo quase remoto na memória, mesmo para aqueles desta geração.
Celular nessa época? Não! Internet? Não! E-mail, WhatsApp, SMS, Skype? Não!
O contato visual também mudou e as palavras são escritas quase que por símbolos. Por exemplo: qualquer = qq, depois = dp; beijos = bjs, também = Tb, risos = kkk e a gente ri mesmo… Claro, há também os emotions. As fotografias eram esperadas até a revelação e era até gostosa a expectativa. Antigamente, precisávamos chegar ao destino para compartilhar um fato ou notícia, e por melhor que fosse, tínhamos que percorrer o caminho e dominar a ansiedade.
Agora tudo é na hora!
Os dedos ganharam velocidade no teclado dos computadores e também dos celulares. Hoje, a comunicação – assim como a atenção dirigida ao outro – é ágil, instantânea, codificada e cada vez mais abreviada. Acompanhar tudo isso é interessante, mas algo deve permanecer. As informações são desejadas, compartilhadas, assim como os momentos.
Tudo acelerou, mas e o sentimento? E a atenção dirigida ao outro? Dá para abreviar também na sua devida importância? Tudo bem que há momentos em que é preciso negociar, mas há tantos outros em que é preciso parar tudo, e olhar, ouvir, falar, abraçar, sorrir… Ter atenção para eleger as prioridades!
Já que estamos cada vez mais conectados às inovações tecnológicas, utilizamos, na maioria das vezes, o modo online para se relacionar uns com os outros. Talvez por falta de tempo em promover um encontro pessoal ou pelo simples motivo de que essa ferramenta é incrível e precisa ser explorada.
Toda hora surgem na rede novos programas e diferentes mídias sociais que facilitam e incentivam o relacionamento virtual. Entretanto, esses mesmos seres humanos continuam necessitando trocar relações afetivas uns com os outros, promovendo o olho no olho.
No ambiente corporativo, é fundamental conhecer o colega ou cliente pessoalmente, para facilitar qualquer negociação feita depois, por e-mail ou telefone. Esse contato colabora para a construção de um clima organizacional agradável e produtivo; essa experiência causa efeitos que vão além dos cabos de rede.
Vivemos em um tempo de muita ansiedade. Acreditamos que iremos viver para sempre, mas elegemos nossas prioridades como se fôssemos morrer no dia seguinte. Buscamos adquirir coisas e ter experiências de forma quase insana, como se nos restasse apenas consumirmos todos os nossos recursos até o último momento.
Ver algo “conhecido” é entediante, por isso acabamos nos rendendo a memes instantâneos que surgem toda semana na internet. Seja com mensagens de gosto duvidoso, seja com distorções estrondosas de mensagens positivas. A tecnologia facilita todo esse cenário e permite que o imediatismo comande os relacionamentos, transferindo uma superficialidade enorme a qualquer tipo de comunicação.
Se não nos disciplinarmos e esquecermos de olhar, ouvir, falar, abraçar, sorrir… Nem mesmo as nossas prioridades teremos condições de eleger com clareza e acabaremos agindo como neuróticos digitais.